- Oh Davi, eu tenho uma ideia.
- Qual ideia?
- Vamos pintar seu quarto de azul com o resto da tinta da obra?
- Vamos, nossa vai ficar tão legal, vai parecer que eu estou dormindo dentro da piscina.
- Então vâmo aproveitar que seu pai está dormindo. Só tem um problema. Como é que a gente vai tirar os móveis do lugar para pintar?
- Não precisa Flá, a gente pinta envolta, ninguém vai tirar os móveis do lugar para ver atrás...
- Ah então tá bom!
Horas depois, a mãe do Davi chegou do trabalho.
- Oh Walterrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr!
- O que é que foi amor? Por que toda essa gritaria?
Neste momento, ele deu de cara comigo e o Davi.
- Ai minha Nossa Senhora. Por que vocês estão azuis?
- Eu não quero nem saber Walter, eu quero que você deixe essas crianças branquinhas. Eu falei para você olhar as crianças, não era para dormir, não.
- Oh gente, como é que vocês fazem uma coisa dessas comigo. Como eu vou tirar essa tinta toda de vocês? O que vocês fizeram com a tinta?
(Eu e o Davi em coro) - A gente pintou o quarto de azul.
(Eu) - É tio, ficou muito lindo, e não sujou muito não.
- Davi, você não tinha um boné, meu filho? Teu cabelo tá todo azul, sua mãe vai me matar (a mãe do Davi adorava o cabelo dele).
Duas horas de banho depois...
- Oh Walter, eu já te falei, eu quero meu filho loiro, como ele sempre foi, eu não quero essa criança de cabelo azul aqui.
- Se não sair, a gente corta o cabelo do menino, não tem problema. Ele é menino mesmo.
- Ai Walter, se esse menino continuar azul, você vai ver o que é que eu vou cortar.
É gente, a infância na ZL foi tensa. Não teve jeito, tiveram que cortar o cabelo do Davi, mas com o tio ficou tudo bem, acho que a tia não cortou nada dele não.
Eu fiquei um pouco chateada porque, depois de toda aquela trabalheira, eu fiquei de castigo sem poder ir à casa do Davi e eles pintaram o quarto de amarelo vômito de novo.