sexta-feira, 10 de junho de 2011

Parabéns, hoje é o seu dia, que dia mais feliz!

Quando estávamos esperando ela, eu não sabia o que ia ser, podia ser um menino, eu queria qualquer coisa, na minha cabeça, eu ia ganhar uma boneca novinha em folha, porque eu tinha a Cris, mas eu não conseguia tirar ela do lugar, eu não tinha força, era um nenenzão, desses de fazer gosto. Eu falava para o pessoal:

- Gente, coloca o nenê aqui no meu colo...

Daí vinha alguém e colocava a Cris no meu colo, mas eu não aguentava, eu era bem magrinha, então quando eu não conseguia mais, eu pedia:

- Gente, vem tirar o nenê que a minha perna dormiu...

Mas aí nasceu a Camila, e ela era bem menorzinha que a Cris, acredite se puder... Hoje, a Camila é tão maior que ela que é difícil acreditar.

A Camila eu conseguia carregar por aí, era uma diversão ter duas bonecas de carne e osso.

Quando a Camila ficou maior, ela não era não era nem um pouco boazinha:

- Camila, dá um beijinho aqui.

Quando você oferecia a bochecha, ela fazia bico para o beijo e tudo, você chegava pertinho e ela metia o dente. Imagina a confusão que era quando estranhos pediam um beijo. Eles viam aquela nenê toda bonitinha com seu cabelo de princesa, já queriam agarrar, mas ela não gostava nem um pouco disso.

Um pouquinho maior, arrumaram uma baba para ela. Coitada da moça, a Camila a queimou com o ferro de passar roupa e também a trancou para fora de casa, quando perguntaram o motivo, ela disse:

- Ela é muito é chata.

Um dia, ela foi para a escola com a Cris, que naquela época era “Fia” para ela. A Camila inventou esse apelido para a Cris. Chegando à escola, não gostou nada, nada de ficar sabendo que iria ficar em uma sala diferente da “Fia”. Não teve dúvida, se mudou para a classe da irmã. Dirirgiu-se à sala da Cris e sentou-se calmamente na mesma cadeira, para desespero da irmã...

Ela cresceu e aprontou de tudo um pouco, foi jurada de morte na escola, xingou a professora, deixou a carteirinha da faculdade cair na escada rolante logo no primeiro dia de aula. Resolveu ser professora, ironia...

Agora ela acha o máximo a deusa Clarice Lispector, gosta de Lenine, de Melissa, de coxinha, de festa de criança, de beber cerveja, de almoço em família, de ser bonita e de dar risada.

Lá se vão 23 anos desde que eu segurei o pequeno bebê pela primeira vez. Parece que foi ontem, eu lembro até do cheirinho e do leitinho que ela pedia todo dia de manhã. Aliás, continua pedindo. Dia desses, veio dormir aqui em casa e falou para o meu namorido:

- Rafa, tem leite?

Parabéns querida irmã, saudades das risadas, dos abraços, das comilanças, da ginástica de maiô vermelho, da brincadeira do rio... Lembranças inesquecíveis...

A certeza que eu tenho é de que ainda há muito a se viver, muito a compartilhar, uma história para construir e dividir com as minhas irmãs... Este mundo e a vida valem a pena, em parte, porque vocês estão neles.

“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.Essa frase da Clarice define bem quem você é, ainda que nem sempre eu concorde com todas as suas decisões, você pode sempre contar comigo, porque eu sempre vou entender que o que você quer e está procurando fazer é VIVER...

O nosso tempo é muito curto para nos preocuparmos com a mediocridade e hipocrisia das pessoas e do mundo, conservemos e sejamos bondosos só com aqueles que valem à pena. Quanto aos outros, o tempo os varrerá de nossas vidas...

Quando eu olhar para o lado, eu quero estar cercada só do que me interessa... (Lenine)

Te amo!